Há não mais que alguns anos, debates sobre preços de aluguéis se tornaram frequentes em grupos de venda e compra de imóveis, especialmente em Jardim da Penha. Porém, não é novidade a procura na zona norte da cidade. De acordo com Índice Fipezap, da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, em 2024, Vitória foi a capital com o metro quadrado mais caro, atingindo R$12.287. Entre os bairros mais valorizados, estavam: Enseada do Suá, Praia do Canto, Barro Vermelho, Mata da Praia, Jardim Camburi, Bento Ferreira, Santa Lúcia, Jardim da Penha, Praia do Suá e Centro.
Contudo, o aumento dos preços dos aluguéis em Jardim da Penha, 8º mais caro na pesquisa, dificulta a vida de jovens e universitários em busca de moradia. A valorização da região, impulsionada pela alta demanda e localização estratégica, devido à proximidade com Universidades e comércio, elevou os custos a patamares que muitos consideram incompatíveis com a qualidade dos imóveis oferecidos.
Daniel Zuqui, de 27 anos, tentou alugar um apartamento no bairro, mas desistiu devido aos valores elevados. “Não consegui encontrar nada satisfatório. Os preços estavam inflacionados para imóveis que não tinham muito a oferecer além da localização, então optei por continuar onde estava”, conta. Atualmente morador do Bairro de Fátima, ele cogita se mudar para Jardim Camburi ou Bento Ferreira, onde os preços são mais compatíveis com a qualidade proporcionada.
Apesar das boas oportunidades e conveniências no cotidiano, Daniel acredita que os valores cobrados não condizem com o que é oferecido. “Os imóveis normalmente são antigos e apertados. Não acho que estejam valendo o preço que pedem”, opina. Ele também discorda da classificação do bairro como “nobre”. “Bairro nobre pra mim é Praia do Canto ou Mata da Praia. O nível dos imóveis deixa isso claro.”
O que explica a alta nos aluguéis?
Segundo Viktor Mota, proprietário da imobiliária “Lugon Negócios Imobiliários”, a valorização do bairro é impulsionada por diversos fatores. “O bairro se tornou ainda mais procurado pela sua localização estratégica, infraestrutura completa e proximidade com a UFES, o que atrai tanto estudantes quanto profissionais que querem morar perto do trabalho”, explica. Além disso, a demanda elevada e os custos de manutenção dos imóveis também influenciam os preços.
Para Viktor, a definição dos valores de aluguel deve ser bem pensada. “Sempre oriento os proprietários a precificarem de forma competitiva. O maior erro é colocar um preço alto demais e acabar deixando o imóvel parado por meses”, afirma. Ele destaca que, apesar da alta nos preços, existem boas oportunidades e que a negociação é sempre uma opção.
Sobre as críticas de que os valores não condizem com a realidade do bairro, Viktor reconhece que os preços subiram, mas defende que esse fenômeno ocorre em toda a cidade. “O aluguel reflete a lei da oferta e da demanda, além do aumento dos custos para manter um imóvel. Mas quando o preço está adequado ao que o imóvel oferece e ao momento do mercado, a locação acontece de forma rápida e segura.”
Ao contrário de outras universidades federais no Brasil, como USP, UFRJ e UFMA, a UFES não oferece moradia estudantil. Em vez disso, disponibiliza um auxílio que varia de 200 a 550 reais, atendendo pouco mais de 4 mil alunos. No entanto, esse valor é insuficiente para cobrir os altos custos de aluguel de imóveis na região central. Atualmente, apartamentos de menos de 50m² em Vitória têm preços que começam em 2 mil reais, sem contar condomínio e IPTU.
Como alternativa, muitos estudantes, principalmente jovens de fora do estado ou do interior, acabam abrindo mão da proximidade com a UFES ou com seus empregos, a fim de conseguir se manter na cidade e continuar seus estudos, já que o desejo de morar em bairros como Jardim da Penha esbarra na realidade dos preços cada vez mais altos.